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Fruits of labor (Para o seu prazer) é um projeto que olha para o espaço: qual espaço é doméstico, qual é comercial? Em que espaços vivemos? Em quais espaços apenas transitamos? Quais os espaços marcamos como significativos? Quais são os espaços que nos marcam?

Em 2018, quando artista residente na galeria SOMA, em Curitiba-PR, partilhei o espaço de residência com a artista uruguaia Silvina Rodriguez. Ambas compartilhamos um fascínio pela pintura e catalogação de marcas de supermercados. Para mim, o tema daria continuidade a pesquisa realizada no ano anterior, em cerâmica, onde criei em azulejos, a série Grass is Greener. Para Silvina, fazia parte de seu projeto Souvenir, com a criação de bugigangas turísticas improváveis, para os lugares onde visita.

 

Nosso projeto compartilhado, apelidado de Janta®, escolhido a partir do interesse comum, utilizamos absorção visual e simbologia como formas de identificar um lugar e, nos definir como somos, quando ocupando esse espaço. Mergulhamos na produção de um jantar de 12 horas. Pratos pintados foram entregues aos convidados como suporte, no qual, cada convidado, de acordo com a preferência pessoal, poderia compor uma abstração colorida intercalada com fatias de branding. Logotipos pontilham a mesa, com uma colagem visual que misturava o público e o doméstico, o perecível e o permanente, o perecível e o permanente. Os remanescentes artísticos desse jantar foram exibidos na galeria SOMA, em março de 2018 e, posteriormente, reconfigurados e instalados na Casa Viva, em São Paulo. Em julho de 2018, realizou uma performance, na galeria SOMA, Janta® II.

 

Em 2022, a galerista Malu Meyer me convidou para expandir o projeto Janta®, para a inauguração do novo espaço da galeria SOMA, a ser instalado numa casa modernista de 1962. Essa exposição individual,denominada Fruits of Labor para o seu prazer,  ocorreu de 10 de maio a 10 de agosto de 2022, com a curadoria de Renan Archer. Optamos por ocupar uma sala contígua à cozinha, com mais de 100 peças de cerâmica que, quando combinadas, nada contestam mas propõem novas questões. São como são!

É um quadro de domesticidade e vida cotidiana, apesar do gritante volume. Uma história familiar  contada na forma de uma lista de compras. É como comprar flores sabendo que chegarão convidados para o jantar.

As marcas, originalmente confinadas sob o esmalte de pratos,  migraram para frutas. Os recipientes do corpo recebem os cachos de flores de cerâmica. A grama artificial, cortada e pintada para parecer queimada, serve como toalhas de mesa e plintos. Nas paredes, placas penduradas, tal qual nas casas de nossas avós. Tudo é rotina. Tudo é conhecido. Tudo está em casa. Tudo é autobiográfico para quem partilha pedaços da mesma biografia e, tudo é autorretrato para quem partilha o mesmo sabor preferido de Cheetos.

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acrylic on wood, keys, keychain, 25x15cm, 2019

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acrylic on wood, keys, keychain, 25x15cm, 2019

Frutos do Trabalho 

(Para seu prazer)

declaração do artista:

Frutos do Trabalho (para seu prazer)é um projeto que começou com meu retorno ao Brasil após 14 anos fora. 

 

É um projeto que olha para o espaço: O que é doméstico e comercial? Em que espaços vivemos? Que espaços apenas transitamos? Quais espaços consideramos importantes? Que espaços nos marcam?

 

A partir de 2018 enquanto era artista residente na galeria SOMA, onde dividi o espaço de residência com a artista uruguaia Silvina Rodriguez e encontramos um fascínio comum pela pintura e catalogação de marcas de supermercado. Para mim, foi uma continuação da minha pesquisa em cerâmica decorrente dos meus ladrilhos da série Grass is Greener do ano anterior. Para Silvina foi parte de seu projeto Souvenir onde ela cria improváveis bijuterias turísticas para os lugares que visita. Nosso projeto compartilhado, batizado de Janta®, partiu do interesse comum da absorção visual e da simbologia como formas de identificar um lugar e quem somos quando nele, mergulhamos em uma produção de jantar de 12 horas. Pratos pintados serviram como suporte no qual cada convidado poderia organizar, com base na preferência pessoal, abstrações coloridas intercaladas com fatias de marca. Logotipos pontilhavam a mesa, uma colagem visual que mesclava o público e o doméstico, o perecível e o permanente. Restos desse jantar foram expostos na SOMA Galeria em março de 2018 e posteriormente reconfigurados e instalados na Casa Viva em São Paulo. 

 

Em 2021 fui convidado a expandir o projeto Janta® da galerista SOMA Malu Meyer. A exposição, que se tornaria Frutos do Trabalho, foi oferecida como forma de inaugurar o novo espaço da galeria que hoje ocupa uma casa modernista de 1962. Conversando com a galeria e o curador Renan Archer, decidi ocupar uma sala contígua à cozinha com mais de cem peças que, quando vistas juntas, não respondem a perguntas e perguntam mais. Isto é como deve ser.

 

É um quadro de domesticidade e vida cotidiana, exceto que o volume está alto demais. Uma história familiar contada na forma de uma lista de compras. É comprar flores porque você sabe que terá convidados para jantar. 

 

As marcas que estavam originalmente confinadas sob esmalte em pratos agora estão sobre frutas. Grama artificial, cortada e pintada de forma a parecer queimada, serve como toalhas de mesa e rodapés. Os recipientes do corpo contêm cachos de flores de cerâmica. Os pratos estão pendurados nas paredes, assim como nas casas de nossas avós. Tudo é rotina. Tudo é familiar. Tudo está em casa. Tudo é autobiográfico para quem partilha fatias da mesma biografia e tudo é autorretrato para quem partilha o mesmo sabor preferido de Cheetos. 
 

       LBF, 2022

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